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O melhor exercício físico para quem tem estresse pós-traumático: o poder dos ambientes tranquilos

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Quem sofre com estresse pós-traumático geralmente vive com o corpo em constante tensão. Exercícios barulhentos e ambientes agitados podem piorar esse estado. Neste artigo, conto como, após uma crise severa de hérnia de disco, descobri que a chave da minha recuperação estava em um detalhe quase invisível: o ambiente onde eu me exercitava. Leia até o fim se você busca um caminho mais leve e curativo.

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SUMÁRIO

  1. Introdução: o corpo que desligou
  2. Quando o tratamento agrava a dor
  3. Um novo caminho: fisioterapia aquática e silêncio
  4. O impacto invisível dos ambientes caóticos
  5. Alongamento e práticas suaves: a cura somática
  6. Tarefas práticas para quem vive em alerta
  7. Conclusão
  8. Para aprofundar
  9. Referência bibliográfica


1. Introdução: o corpo que desligou

Em 2017, ganhei uma viagem para Gramado — mas, ao invés de descanso, vivi o auge do estresse da minha vida. No meio da viagem, travei a coluna. Não conseguia mais pisar no chão. Perdi a sensibilidade no pé esquerdo. Era como se meu corpo tivesse dito: “Chega.”

Passei os quatro meses seguintes de cama. Hoje, em 2025, finalmente compreendo o que aconteceu.

A sobrecarga emocional e o estresse crônico não são invisíveis. Eles moram no corpo. O meu expressou isso com uma hérnia de disco gigante. Outros podem desenvolver doenças autoimunes, crises de pânico ou burnout. Cada corpo tem sua forma de “desligar” quando não aguenta mais viver em alerta.


2. Quando o tratamento agrava a dor

Meu médico foi um anjo: evitou a cirurgia e recomendou um tratamento conservador. Mas caí nas mãos de uma fisioterapeuta com outra abordagem — clínica lotada, música alta, aulas de Pilates barulhentas. Eu chegava chorando, sem conseguir andar, e ouvia frases como:

“Coluna não mata ninguém. Você tem que forçar!”

A dor não melhorava. A culpa começou a me consumir. Ela dizia que o erro era do meu médico e sugeriu outro especialista. Curiosamente, esse mesmo especialista confirmou que o tratamento inicial estava correto — mas recomendou algo que mudou minha vida: fisioterapia aquática.


3. Um novo caminho: fisioterapia aquática e silêncio

Comecei as sessões numa piscina quentinha, silenciosa, acompanhada de uma fisioterapeuta calma. Nada de música alta. Nada de gritos. Nada de cobrança. Em quinze dias, meu corpo já mostrava sinais de melhora. Voltei a dirigir.

Nos outros dias, caminhava em silêncio dentro do meu apartamento. Às vezes, apenas deitava e respirava. Foi nesse ritmo que reencontrei minha fisioterapeuta de hoje. Ela percebeu meu medo de me mexer e adaptou tudo com leveza: exercícios suaves, respiração, alongamento, acolhimento. Nenhuma pressa.

Essa abordagem salvou minha coluna e iniciou a minha verdadeira cura emocional.


“A cura começa no ambiente. Antes do movimento, vem o silêncio.”


4. O impacto invisível dos ambientes caóticos

Agora que aprendi sobre Complexo de Estresse Pós-Traumático (CPTSD), entendo o porquê. Meu corpo estava há décadas em estado de alerta, como se vivesse em guerra. Ambientes caóticos me pareciam normais — eu cresci em meio ao estresse, então achava que viver correndo, cansada e tensa era o natural.

Fui muitas vezes a academias “badaladas”, aulas de zumba cheias de estímulo, Pilates com música pop… E me sentia péssima. Sem perceber, me colocava nesses cenários repetidamente, como se buscasse o caos que meu corpo já conhecia.

Mas a cura exige o oposto: um corpo que reaprende a sentir segurança, silêncio, descanso.

Durante a pandemia, quando criei uma bolha de paz em casa, minhas dores desapareceram.

Sem notícias, com alimentação leve, meditação, exercícios suaves com a fisioterapeuta online… pela primeira vez em anos, eu acordava 100% sem dor.

O exercício certo não é o que está na moda — é o que seu corpo pede

É importante dizer: não sou contra academias, zumba, danças… Nada disso. Inclusive, adoro dançar. Mas para quem tem Complexo de Estresse Pós-Traumático (CPTSD), o que é “divertido” para a maioria pode ser uma bomba-relógio.

Antes de se jogar no ritmo frenético do que “todo mundo faz”, é preciso clareza e respeito ao seu próprio tempo de cura.


5. Alongamento e práticas suaves: a cura somática

O livro Complexo Estresse Pós-Traumático – Indo de Sobreviver a Prosperar, de Pete Walker, explica com clareza esse mecanismo. Na página 73, ele descreve como o alongamento regular dos grandes grupos musculares ajuda a quebrar a blindagem corporal criada pelo estresse crônico:

“A ativação 4Fs tensiona e contrai seu corpo, antecipando a necessidade de lutar, fugir, encolher-se para passar despercebido ou acelerar para agradar os outros.”

Walker relata que, no início, detestava alongar. Sentia vergonha por ser o menos flexível do grupo. Mas com persistência, foi recompensado com alívio de décadas de dores nas costas. Hoje, ele credita sua vitalidade ao hábito de se alongar com constância.

A lição? Não se trata de “não fazer exercícios”. Mas de fazer o certo, no momento certo. Dançar, treinar ou suar pode sim ser saudável — mas apenas depois que o corpo for reprogramado a sair do estado de alerta.


6. Tarefas práticas para quem vive em alerta

Se você sente que vive com o corpo tenso, aqui vão algumas ações para iniciar sua recuperação com segurança:

✅ Escolha ambientes silenciosos para se exercitar

✅ Priorize atividades lentas: alongamento, respiração, caminhadas suaves

✅ Observe como você se sente durante e depois do exercício

✅ Evite aulas em grupo ou academias barulhentas neste momento

✅ Crie uma bolha de paz: reduza ruído, estímulo visual e notícias

✅ Registre como seu corpo responde ao silêncio

✅ Busque profissionais com escuta e empatia — não com pressa


7. Conclusão

A cura não começa com barulho, nem com gritos de incentivo. Começa no detalhe invisível: o ambiente. Um corpo em trauma precisa de segurança para baixar a guarda e voltar a confiar.

Hoje, faço exercícios em silêncio. Ganho massa muscular, vitalidade e paz. E sigo reaprendendo o que significa viver num corpo relaxado — algo que, por décadas, eu nem sabia que existia.

Se você está em dor, ou vivendo um ciclo de estresse crônico, te peço:

Olhe para os detalhes.

Observe o ambiente onde você se exercita.

Veja se ele cura ou te assusta.

Veja se você sente paz — ou se está apenas repetindo padrões de luta.

Essa foi a primeira peça do meu quebra-cabeça. Tenho muito mais para compartilhar nos próximos artigos.

Mas hoje, quero deixar uma semente:

Ambientes calmos são remédios invisíveis para dores que ninguém vê.


8. Para aprofundar:


9. Referência bibliográfica

WALKER, Pete. Complexo Estresse Pós-Traumático – Indo de Sobreviver a Prosperar. Editora Cultrix, 2020.

Página 73

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